Praticar para quê?
Considere por um instante o yoga como um «inutensílio» -- parafraseando Paulo Leminski. Considere que nada do que você faz numa aula ou em sua prática pessoal serve para alguma coisa e que toda a habilidade conquistada com a prática realmente não o levará para lugar algum.
Pode ser desanimador pensar desta forma, porque é demasiada e naturalmente humano fazer algo para chegar a algum lugar, mas a lição essencial do yoga é que não há lugar algum aonde devemos ir, não há nenhum estado especial que deve ser buscado, não há uma condição especial que deve ser obtida. O que você supostamente tenta realizar já está realizado e o lugar em que você pretende chegar é exatamente o lugar em que você está agora. É por este motivo que muitos mestres comparam o yoga com «descascar a cebola»: trata-se de eliminar camadas e ver o que há por trás delas, não de adicioná-las.
Manter as pernas estendidas e tocar as pontas dos pés com as mãos não passa de uma habilidade física particular. Uma inalação que dura 60 segundos não é nada além de uma inalação que dura 60 segundos. Os efeitos de tais práticas para a mente e para o corpo também não são nada além do que efetivamente são. Estas coisas são capacidades físicas e mentais, que podem ser naturalmente ampliadas e desenvolvidas com as técnicas físicas e mentais do yoga e esse desenvolvimento é bom, mas nem mesmo isso importa, pois yoga não é sair deste ponto e chegar a um outro ponto, mais adiante.
Se admitíssemos que técnicas realmente são fundamentais, teríamos que admitir também que a prática do yoga é essencialmente a prática de técnicas e que realmente há uma meta a atingir exatamente através do uso de técnicas. Admitiríamos também que tais coisas podem ser avaliadas desde fora e que a elas poderíamos atribuir notas e, mais do que isso, que tal conhecimento pode ser realmente transmitido por livros e DVDs.
Yoga é perceber o momento presente, sua condição presente e sua essência, seja ela qual for. Yoga é você com você mesmo, aqui e agora. Nada além disso.
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