Não é o que você faz

O asana perfeito.

A tragédia moderna do yoga consiste no fato de que não há como divulgá-lo senão mostrando pessoas «fazendo yoga».

Para que seja algo interessante de ver, este «fazer yoga» invariavelmente será resumido a «posturas de yoga». Um pranayama não é algo bonito, não tem a plasticidade de um asana. Um dos shatkarmas, menos ainda; trata-se de faxina corporal, que -- recomenda-se -- deve ser mantida longe das vistas alheias. E a meditação, vista de fora, é como um avô fazendo a sesta num velho sofá.

E assim lapida-se a idéia de que «fazer yoga» é «fazer posturas». Na melhor das hipóteses, quando há clareza sobre os riscos de concentrar o sadhana em apenas um anga, lapida-se a idéia de que «fazer yoga» é algo que se deve fazer, isto é, de que uma ação ou um conjunto de ações fará muita diferença sempre e de que o propósito do yoga é repetir ad nauseam técnicas à perfeição -- o que, é claro, faz surgir uma outra idéia, não menos danosa, a de que o yoga é algo que pode ser demonstrado e que pode ser feito do «jeito certo» e do «jeito errado» e que, portanto, pode ser avaliado da mesma forma que um júri avalia misses.

Mas lembre-se de que não se trata do que você faz, mas do que você é.

Comentários

Quil disse…
... ou seja, Yoga se vive!!
Daniela Morais disse…
Lindo post! Obrigada :)
Christian Rocha disse…
Obrigado pelos comentários, Quil e Daniela. _/\_