Yoga sem professor - parte II



Não existe aprendizado de yoga sem um guruyogi. O último guruyogi que havia no Brasil decidiu -- com toda razão -- retirar-se da vida pública (neste lado do mundo, «vida pública» costuma significar algo tão degradante quanto «homem público» ou «mulher pública»).

Por isso, se você pretende estudar yoga certamente terá que se lançar à escuridão do autodidatismo. Talvez isto ajude:

1) Leia as escrituras e lembre-se de que, no yoga, a leitura começa com a compreensão do final. A única leitura decente é aquela que considera que o objetivo de todas as lições é facilitar seu direcionamento para moksha. Bhagavad Gita (que não é um tratado da filosofia hare-krishna), Yoga Sutras, Upanishads, Hatha Yoga Pradipika, Gheranda Samhita e Shiva Samhita estão entre as escrituras mais recomendadas. Todas disponíveis na internet, pelo menos na versão em inglês. Mas lembre-se também de que escrituras são literatura para iniciados, não para iniciantes.

2) Esqueça os modernos, todos eles. Iyengar disse que para a maioria dos ocidentais basta praticar asana e pranayama. Era uma besta quadrada, evidentemente. A prática essencial de yoga é o samyama. Tecnicamente falando, asana e pranayama auxiliam na construção da base corporal, respiratória e energética para samyama.

3) «Neti-neti» («não isto, não aquilo») é uma técnica que auxilia o iniciante no processo de auto-observação e de desidentificação. Estude-a mas não esqueça que, como toda técnica, em algum momento ela deverá ser abandonada.

4) Se você nunca teve a chance de ser instruído sobre samadhi, saiba em que você está se metendo. Um livrinho que pode auxiliar nos primeiros passos sobre isso é «Depois do êxtase, lave a roupa suja», de Jack Kornfield.

5) Se você quer mesmo investir nos sistemas modernos, em qualquer grau, esqueça todas as recomendações anteriores. Elas só servem para quem tem o desejo sincero de estudar o yoga.

Comentários

mario disse…
pegou pesado com mestre iyengar ...que é uma pessoa pública ,bem sucedida e de notória ética.
Christian Rocha disse…
Não há ética em varrer Patañjali para baixo do tapete para vender props.
Eco Yoga Aero disse…
Tb achei sem etica..." ignorante"!
BESTA QUADRADA?POXA?
Imagine a distância "intelectual cognitiva_senso perceptiva "entre vcs dois..
Christian Rocha disse…
Imagino. Eu jamais pensaria em vender tijolos e chamar isso de yoga.
Christian Rocha disse…
AVISO AO «LEONARDO»

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Agradeço sua compreensão.
Unknown disse…
Olá
No caso de fazermos um estudo sério das obras que recomendas, e buscar viver o máximo o yoga, e possível dar aulas sem uma formação tradicional no Brasil, como fica a legalidade?
Perdão pela ignorância.
Obrigada
Christian Rocha disse…
Olá, Jeana.
Confesso que não entendi muito bem sua pergunta. Como o yoga não é regulamentado no Brasil, a atuação de professores é livre e pautada pelas relações habituais de mercado. Nenhum órgão estatal/burocrático (como Ministério do Trabalho, sindicatos, conselhos profissionais etc.) pode fiscalizar a atuação de professores de yoga.