Yoga é uma disciplina originada na Índia muitos séculos atrás. O termo yoga (em sânscrito योग) é freqüentemente traduzido como «união», mas também tem o sentido de «conexão», «ligação» e mesmo «focalização», numa alusão à prática da meditação, em que a mente é conectada a um objeto de contemplação para não se desviar.
Para simplificar, podemos definir yoga de duas formas:
1. O estado de silêncio interior profundo e de interrupção das agitações mentais -- sinônimo de moksha, a libertação.
2. A disciplina que leva a esse estado -- comumemente associada à realização de técnicas e procedimentos como a meditação.
O Yoga é também uma das seis escolas filosóficas ortodoxas do Hinduísmo, em que se aplica a disciplina como meio para se chegar ao estado de introspecção. O contexto do uso da palavra yoga é que determina qual dos dois sentidos prevalecerá.
Yoga significa transformar a consciência humana em consciência divina -- conforme o vocabulário específico do Hinduísmo, significa unir Atman (o Eu superior, porém ainda individualizado) e Brahman (o Absoluto, o princípio de todas as coisas). Praticar o yoga significa buscar sua própria essência, imutável e atemporal, algo que independe das oscilações do corpo e da mente.
Em termos mais práticos existem duas expressões tradicionais do yoga: o yoga e o Hatha Yoga.
Yoga significa transformar a consciência humana em consciência divina -- conforme o vocabulário específico do Hinduísmo, significa unir Atman (o Eu superior, porém ainda individualizado) e Brahman (o Absoluto, o princípio de todas as coisas). Praticar o yoga significa buscar sua própria essência, imutável e atemporal, algo que independe das oscilações do corpo e da mente.
Om, um dos símbolos do yoga
Em termos mais práticos existem duas expressões tradicionais do yoga: o yoga e o Hatha Yoga.
O yoga -- aqui sem nenhum prefixo ou sufixo -- é associado a Patañjali e sua única obra conhecida, os Yoga Sutras. Esta obra, provavelmente escrita entre 400 e 200 a.C., é o primeiro tratado específico sobre yoga. Nela Patañjali não apenas define o yoga como explica, em linhas muito gerais, como ele é praticado. São ao todo 196 versos divididos em quatro capítulos. No segundo capítulo Patañjali divide a prática do yoga em oito angas (partes, passos, estágios):
1. Yamas são restrições morais que determinam não apenas os atos do yogi em sua relação com outras pessoas, mas também as palavras e os pensamentos. Conforme Patañjali, o yoga possui cinco yamas: ahimsa (não-violência), satya (verdade, autenticidade), asteya (não cobiçar, não roubar), brahmacharya (celibato), aparigraha (desapego).
1. Yamas são restrições morais que determinam não apenas os atos do yogi em sua relação com outras pessoas, mas também as palavras e os pensamentos. Conforme Patañjali, o yoga possui cinco yamas: ahimsa (não-violência), satya (verdade, autenticidade), asteya (não cobiçar, não roubar), brahmacharya (celibato), aparigraha (desapego).
2. Niyamas são princípios ou observâncias que regem nossa conduta com nós mesmos. São eles: saucha (pureza do corpo, da mente e do espírito), santosha (contentamento, gratidão), tapas (disciplina, perseverança), svadhyaya (autoexame, autoestudo), ishvarapranidhana (o reconhecimento de um princípio único e transcendente).
3. Asanas são as posturas corporais assumidas para meditação, é o sentar-se com conforto, estabilidade e imobilidade para meditar.
4. Pranayamas são as técnicas de expansão do prana (prana+ayama) e de desaceleração da respiração para facilitar e intensificar a meditação.
5. Pratyahara é a introspecção, a retração e o afastamento dos sentidos dos objetos que os estimulam, Pratyahara é uma qualidade cultivada em toda a prática, decisiva para entrar na meditação e intensificá-la. É o último estágio das práticas consideradas externas (bahirangas).
6. Dharana é a concentração. Para iniciantes, pode ser a simples prática de manter o olhar fixo em um objeto físico (sthula dharana). Para pessoas com alguma experiência, dharana pode ser a prática de manter a mente fixa em objetos imaginados (sukshma dharana).
7. Dhyana é um termo sem tradução. Algumas pessoas traduzem dhyana como meditação, mas tecnicamente os três últimos angas indicados por Patañjali podem ser associados (isoladamente ou em conjunto) à meditação. Dhyana é a concentração continuada, o resultado da perpetuação em dharana; em dhyana a mente já não se incomoda mais em manter-se focalizada. O que era difícil em dharana, em dhyana torna-se fácil e desejável.
8) Samadhi é o último estágio da prática de yoga, é a técnica que abre as portas da libertação, é a dissolução das amarras físicas e mentais e o início da fusão do indivíduo com o Absoluto. Na prática do samadhi as oscilações mentais são arrefecidas e progressivamente conduzidas à interrupção.
Esta divisão clássica do yoga em oito partes também também é conhecida como Ashtanga Sadhana (ashta=oito; anga=parte; sadhana=prática).
Hatha Yoga
Entre os ramos do yoga, o mais conhecido é o Hatha Yoga (em sânscrito हठयोग). Por estar associado às práticas físicas de asana (posturas) e pranayama (exercícios de controle da respiração), o Hatha Yoga é também conhecido como “yoga do corpo”. Tal associação não é totalmente equivocada, embora isto leve muitas pessoas a acreditar que o objetivo do hatha yoga é o aprimoramento físico. “Yoga do corpo” é expressão que deve ser compreendida cuidadosamente e que reflete apenas o ponto de partida para a longa jornada para a descoberta do Eu.
Padmasana, uma das posturas mais importantes do yoga
Tradicionalmente, o Hatha Yoga é constituído de disciplinas éticas e morais, posturas físicas, procedimentos de purificação (shatkarma ou kriya), selos corpóreos (os mudra, que combinam posturas, visualizações e travas corpóreas), respiração yogi (pranayama) e meditação.
Conforme a anatomia esotérica do yoga, o corpo possui sete chakras ou (centros de energia vital). O bom funcionamento desses centros garante a saúde física, mental e emocional. Estes chakras são ativados pela respiração, pela alimentação, pelos movimentos e posturas físicas e pela meditação. Um dos objetivos do Hatha Yoga é garantir que essa ativação se dê da forma mais natural e eficiente possível. Por este motivo, muitas das práticas do Hatha Yoga visam permitir a melhor absorção do prana (energia vital presente na natureza) e a livre circulação dessa energia pelo corpo.
Representação simbólica dos principais chakras
Segundo a tradição tântrica, donde se originou o Hatha Yoga, a maior parte do prana é recebido pelo corpo através da respiração. O prana é absorvido por dois canais cujo início coincide com as narinas. Estes canais são chamados nadis; eles fazem o prana descer até o primeiro chakra, situado no períneo e chamado muladhara. A boa saúde deste primeiro centro de energia faz com que o prana ascenda para os outros chakras através de um canal de energia chamado sushumna. Em pessoas normais, o prana chega livremente ao primeiro chakra. Raras pessoas no entanto conseguem realizar a ascensão do prana até o último chakra, o sahasrara, situado no topo da cabeça. Um dos objetivos do hatha yoga é permitir que o prana flua naturalmente por todo o corpo e ascenda até o sahsarara, o que, conforme explica a tradição, despertaria poderes adormecidos e levaria o indivíduo à libertação (moksha) de suas amarras mundanas e à percepção de sua verdadeira essência.
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Nota
Modernamente, o Hatha Yoga tem sido associado a práticas leves e brandas que têm como objetivo tornar o corpo mais leve e flexível e descansar a mente. No entanto, isso não corresponde à realidade e às origens do Hatha Yoga. Como dito acima, o objetivo do Hatha Yoga não depende do tipo de prática física, não depende desta ou daquela postura, mas de que forma essa prática física integra-se ao sadhana, isto é, à prática do yoga como um todo.
Via de regra, pode-se estabelecer que se o método proposto reserva um tempo significativo para a prática de asanas, então trata-se de Hatha Yoga. Conclui-se, assim, que a maior parte dos métodos modernos são, na verdade, variações do Hatha Yoga que, portanto, podem ser melhor compreendidas à luz da prática e do estudo da tradição de Svatmarama, Gheranda, entre outros mestres nathas que sistematizaram o Hatha Yoga.
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Mendes